Crítica: 'Reidy - A construção da utopia'

Reidy - a construção da utopia, dirigido por Ana Maria Magalhães, trabalha com a possibilidade de uma ideia utópica no presente se transformar em realidade no futuro. A produção nacional de 2010, que entra em circuito comercial nesta sexta-feira, é um documentário que retrata com rigor formal a vida profissional do arquiteto Reidy e com um distanciamento frio a vida pessoal do personagem. Pouco se fica sabendo sobre o lado sentimental da existência de Reidy.
O pragmatismo, que vez em quando cede lugar a trechos de poesia, da diretora acaba por transformar o material colhido (imagens de arquivo, tomadas atuais e entrevistas com quatro pessoas) em um discurso mais técnico que poético. Embora a diretora Ana Maria Magalhães se valha (inclusive no subtítulo do filme) do claro antagonismo entre dois entrevistados sobre a funcionalidade da 'utopia construtiva', o documentário Reidy - a construção da utopia possui uma estrutura narrativa rígida, que não transpassa emoção ao espectador.
Filme trabalha com a possibilidade de uma ideia utópica se transformar em realidade 
Filme trabalha com a possibilidade de uma ideia utópica se transformar em realidade 
O objetivo central da obra é mostrar o lado urbanístico de uma cidade, a partir de seu planejamento. O filme mostra vigor quando exibe as formas calculadas da construção de uma metrópole, sem menosprezar a periferia com relação às suas opções de lazer. O filme aborda o retratado como um ícone dessa elaboração urbana e rende bem, ainda, quando faz um tributo ao legado do arquiteto Affonso Eduardo Reidy quanto à sua forma visionária de concepção do seu trabalho. Os projetos da construção do Museu de Arte Moderna e do Aterro do Flamengo e sua arborização calculada, tornaram o modernista profissional uma referência no cenário carioca.
Reidy - a construção da utopia fica melhor como um documento histórico da concepção urbana de parte da cidade do Rio de Janeiro e como objeto de debate entre os profissionais de engenharia e arquitetura, além de urbanistas, que como uma obra imprescindível de não-ficção do cinema brasileiro. Um filme digno que não esconde sua fragilidade na abordagem um tanto superficial sobre a personalidade de Affonso Eduardo Reidy, evidenciada pela sua perceptivel carência de informações sobre o lado humano do arquiteto.




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